As rendas de bilro feitas por artesãs da Lagoa da Conceição estão em evidência na Europa. Mas, em vez de objetos de moda para cama, mesa ou banho, as peças fazem sucesso decorando ambientes, inseridas nos quadros pintados pela artista plástica Luz Cúrcio. Divulgando o artesanato tradicional de Florianópolis de um jeito diferente, a catarinense realizou um sonho fazendo a primeira exposição internacional após 25 anos de profissão. Luz Cúrcio promove até 15 de março a mostra "Brésil -Florianópolis, Une Mer de l'Art" no Lenoveau Carrillon, na região de Montmartre, em Paris, exposição que segue para a Bélgica e Portugal, tendo como curadores João José Pereira, no Brasil, e Any Collin, na Europa.
Recém chegada da França, Kátia Luz Cúrcio, a Kaká, como é chamada pelos amigos, já está preparando novas telas a pedido de galerias europeias. A obra da artista mistura vários tipos de renda com pinturas abstratas, agregando ao trabalho um estilo contemporâneo que vem despertando o interesse de críticos de arte. "Minha obra valoriza a cultura de Florianópolis, especialmente as rendeiras, que se emocionam ao ver o material delas nos meus quadros. Sou a única artista brasileira a fazer esse trabalho", salienta. Nascida em Florianópolis e apaixonada pelos pincéis desde os seis anos de idade, Kaká formou-se em Educação Artística pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), em 1988, e de lá para cá, mergulhou na inquietação criativa, transitando por vários estilos: cubismo, grafismo, expressionismo, surrealismo, abstracionismo e técnicas mistas, estágio que desenvolve atualmente. A versatilidade tem influência de mestres que a iniciaram na profissão, como Ana Luísa Kaminski, Smith e a argentina Sarita Sapiro.
Sonho realizado
Antes de expor na França, onde pôde acompanhar de perto a reação do público e de críticos de arte em relação à sua obra, Luz Cúrcio já havia realizado exposição no Palácio de Buckingham, na Inglaterra, nas comemorações do aniversário da Rainha Elizabeth II, em 2007, e também na mostra coletiva dos Companheiros das Américas, ocorrida na Virgínia, nos Estados Unidos, em 2005. Porém, nas duas oportunidades, por falta de apoio financeiro, somente as obras seguiram para o exterior. Essa foi a primeira viagem internacional da artista, que realizou um sonho antigo. "Eu nunca vou desistir da arte porque ela é a minha vida", garante.Para viabilizar a exposição em Paris, em 2009/2010, com 22 quadros, Luz Cúrcio contou com o patrocínio do Funcultural e Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional da Grande Florianópolis, além de apoio da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC).
Dieve Oehme
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